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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O espírito filosófico em não-filósofos

Wilson Horvath

A busca pelo conhecimento não é exclusividade da Filosofia; ao contrário o ser humano, desde o nascimento até seus últimos suspiros, procura de forma consciente ou inconsciente apreender cada vez mais sobre o mundo que o cerca. Assim, uma cozinheira buscará os melhores temperos a fim de deixar a comida mais saborosa; o viajante estudará as rotas mais viáveis para chegar ao seu destino; o médico procurará os remédios mais eficazes; o crente escolherá as melhores maneiras de entrar em contato com o divino; a mãe aprenderá a distinguir o significado dos diferentes choros de seu bebezinho.
Esses conhecimentos[1] são indispensáveis para a nossa sobrevivência e nosso bem-estar. Embora nenhum deles seja filosófico, para avançarmos em algo, construirmos o novo; nós precisamos de algumas características fundamentais da Filosofia: a paixão; o questionamento; a problematização; o estudo rigoroso e sistemático; a não-conformação com já dado e conhecido.
Peguemos como exemplo o caso da cozinheira. Em um belo dia, ela acha que determinado prato poderia ser melhor do que é comumente preparado. Talvez para a maioria das pessoas, sejam seus familiares sejam seus clientes, ele esteja excelente e delicioso.
Ela, porém, não é igual aos demais, ela cozinha por paixão e o ato de cozer faz parte da constituição de sua pessoa como mãe ou profissional. E por acreditar que aquele prato poderia ser melhor, gera dentro de si uma indignação, um sofrimento.
Ela, então, começa a se perguntar sobre diferentes maneiras para fazê-lo. Ela pode partilhar a sua busca com outras pessoas, pesquisar receitas ou pode fazer uma busca solitária, testando novos temperos, intensidade do fogo etc.
Ela provavelmente não acertará na primeira fez e talvez nunca se de por satisfeita. Mas também ela pode, a partir de seus erros e acertos, aprimorar o prato.
E depois de estar perfeito ao seu paladar, ela o contemplará como uma obra de arte, assim como deve ter feito Leonardo da Vinci (1452 – 1519, uma das figuras mais importantes do Renascimento) após concluir a Mona Lisa (La Gioconda, 1503-1506).
Ela enquanto buscou, questionou, testou, foi movida pelo espírito filosófico. E quando encontrou, ela voltou a ser a cozinheira, melhor ela se tornou uma artista da cozinha.



[1] Trabalharemos a diante os diferentes tipos de conhecimento.

2 comentários:

  1. Texto conciso e elucidativo. Gostei das figuras de linguagem.

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  2. Gostei do texto: bem curto, explicativo e complexo.

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