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sexta-feira, 25 de março de 2011

Esperança

Wilson Horvath
Eu te espero, pois contigo estive,
sem nunca ter estado ao seu lado.
Eu te espero, pois tenho total certeza que te reencontrarei,
sabendo que é impossível tal encontro.

Eu te espero, pois te conheço,
mas nada sei.
Eu te espero, pois te possuo,
sem nada ter.

Esperar não é imaginar,
é recordar, para projetar.
Esperar não é ficar parado,
é deixar-se movimentar.

A esperança não é SER,
é devir-a-ser,
que só se torna aquilo que já o é.

A esperança precede a existência,
ela é essência,
que se forja na concretude do existir.

A esperança me faz viver.
Vivo esperançoso,
e, ao viver, construo a esperança,
que se revela em meu viver,
mas, mesmo sem mim, continua a ser.

A esperança está em mim,
mas eu não estou na esperança.
A esperança sou eu,
mas eu não sou a esperança.

A esperança é irmã e oposta à desesperança.
A esperança faz com que eu a enfrente,
e, na luta,
surge mais desesperança,
do tamanho de minha esperança,
que cresce, à medida, que enfrento a desesperança.

A esperança me joga no infinito mistério do ser humano,
que é finito.
E obriga-me lutar contra o mal,
mas do mal nasce,
querendo o bem,
que á a esperança.


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