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domingo, 13 de outubro de 2019

A Importância da Canonização de Irmã Dulce dos Pobres no Contexto Atual Brasileiro



Prof. Wilson Horvath
 Irmã Dulce se tornou a primeira santa brasileira em cerimônia de canonização realizada pelo Papa Francisco na manhã de domingo (13/10/2019) na Praça de São Pedro no Vaticano.


Antes de falar sobre Irmã Dulce, há uma discussão que gostaria de me abster por julgá-la insignificante e inútil, que é: Se há ou não santos? Se sim, qual o papel deles no processo de salvação? Se Deus precisa de intercessores? Deus já não sabe de tudo? Ele não é de extrema bondade?
Cada qual encara essas questões à sua maneira, os católicos verão os santos como intercessores; protestantes, como exemplos de cristãos; animistas, como aqueles que sustentam a realidade material... ateus, como a matéria que voltou ao seu estado natural.
O que interessa neste pequeno ensaio é discutir sobre a importância da canonização, processo em que a Igreja Católica reconhece publicamente que determinada pessoa após a morte é santo ou santa, de Irmã Dulce no atual contexto sociopolítico e religioso brasileiro.
Irmã Dulce é conhecida popularmente como Anjo Bom da Bahia, após a canonização, passou a ser chamada de Santa Dulce dos Pobres, nome mais que justo haja vista o legado do seu trabalho junto aos pobres baianos.
Santa Dulce encarnou a recomendação de Jesus presente no Evangelho de Mateus: “O que fizestes a um dos menores destes meus irmãos a mim o fizestes” (Mt 25, 40). E vendo Cristo naqueles que estavam sofrendo, ela realizou diversas obras.
Na saúde, a Santa ocupou cinco casas abandonas e as transformou em um centro de acolhida e tratamento para enfermos; transformou um galinheiro do convento em albergue e posteriormente no maior hospital público da Bahia...
Ela criou espaços de organização da classe trabalhadora como o Círculo Operário da Bahia; fundou espaços culturais como cinema para os pobres e escola para os filhos da classe trabalhadora, etc.
Atualmente, vivemos um período conturbado em nosso país, em que o conservadorismo e o pensamento de ódio ganharam muita força na sociedade. Assim, muitas igrejas cristãs de diversas denominações, evangélicas e católicas parecem ter esquecido o mandamento básico e fundamental do cristianismo:
E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mt 22, 37-39).
Se as igrejas e os cristãos não seguem este princípio, eles tendem a se perderem e a pregarem o contrário do amor: o ódio, conforme já ocorrera em outras ocasiões da história do cristianismo, como na Inquisição. Obviamente, o mesmo pode ocorrer com outras religiões também.
A canonização de Santa Dulce dos Pobres, então, é profética e sinaliza para uma outra direção. Cristãos e pessoas de outras religiões, inclusive ateus, podem ter nela mais que um exemplo de cristão, um exemplo de ser humano a ser seguido.
No campo da representação social, temos um contraponto às manifestações religiosas e sociais que pregam o ódio e a indicação de um caminho a ser construído e trilhado na construção de um mundo mais humano e fraterno.
A Santa nos ajuda a perceber que não estamos sozinhos nesse processo, outros vieram antes de nós. E que há outras pessoas que estão atualmente vibrando na mesma frequência que nós, com aspirações e sonhos parecidos.
Um outro mundo é possível... Que Santa Dulce dos Pobres no ajude a construí-lo!!

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