Prof. Wilson Horvath
Antes de falar sobre Irmã
Dulce, há uma discussão que gostaria de me abster por julgá-la insignificante e
inútil, que é: Se há ou não santos? Se sim, qual o papel deles no processo de
salvação? Se Deus precisa de intercessores? Deus já não sabe de tudo? Ele não é
de extrema bondade?
Cada qual encara essas questões à
sua maneira, os católicos verão os santos como intercessores; protestantes,
como exemplos de cristãos; animistas, como aqueles que sustentam a realidade
material... ateus, como a matéria que voltou ao seu estado natural.
O que interessa neste pequeno
ensaio é discutir sobre a importância da canonização, processo em que a Igreja Católica
reconhece publicamente que determinada pessoa após a morte é santo ou santa, de
Irmã Dulce no atual contexto sociopolítico e religioso brasileiro.
Irmã Dulce é conhecida
popularmente como Anjo Bom da Bahia, após a canonização, passou a ser
chamada de Santa Dulce dos Pobres, nome mais que justo haja vista o
legado do seu trabalho junto aos pobres baianos.
Santa Dulce encarnou
a recomendação de Jesus presente no Evangelho de Mateus: “O que
fizestes a um dos menores destes meus irmãos a mim o fizestes” (Mt 25, 40).
E vendo Cristo naqueles que estavam sofrendo, ela realizou diversas obras.
Na saúde, a Santa ocupou cinco
casas abandonas e as transformou em um centro de acolhida e tratamento para enfermos;
transformou um galinheiro do convento em albergue e posteriormente no maior hospital
público da Bahia...
Ela criou espaços de
organização da classe trabalhadora como o Círculo Operário da Bahia; fundou espaços
culturais como cinema para os pobres e escola para os filhos da classe
trabalhadora, etc.
Atualmente, vivemos um período
conturbado em nosso país, em que o conservadorismo e o pensamento de ódio ganharam
muita força na sociedade. Assim, muitas igrejas cristãs de diversas
denominações, evangélicas e católicas parecem ter esquecido o mandamento básico
e fundamental do cristianismo:
E Jesus disse-lhe:
Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo
o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mt 22, 37-39).
Se as
igrejas e os cristãos não seguem este princípio, eles tendem a se perderem e a pregarem
o contrário do amor: o ódio, conforme já ocorrera em outras ocasiões da
história do cristianismo, como na Inquisição. Obviamente, o mesmo pode ocorrer
com outras religiões também.
A canonização
de Santa Dulce dos Pobres, então, é profética e sinaliza para uma
outra direção. Cristãos e pessoas de outras religiões, inclusive ateus, podem
ter nela mais que um exemplo de cristão, um exemplo de ser humano a ser
seguido.
No
campo da representação social, temos um contraponto às manifestações
religiosas e sociais que pregam o ódio e a indicação de um caminho a ser construído
e trilhado na construção de um mundo mais humano e fraterno.
A Santa
nos ajuda a perceber que não estamos sozinhos nesse processo, outros vieram
antes de nós. E que há outras pessoas que estão atualmente vibrando na
mesma frequência que nós, com aspirações e sonhos parecidos.
Um
outro mundo é possível... Que Santa Dulce dos Pobres no ajude a construí-lo!!
Gostei do seu site.
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