O “Rússia 2045” ou “Iniciativa 2045”, encabeçado
pelo bilionário russo Dmitry Itskov, que prevê a criação de um corpo robótico,
um avatar para o qual será transferido
a nossa consciência, nosso sentimento ou, em uma linguagem platônica, a nossa
alma, possibilitando-nos a imortalidade.
O projeto de Itskov é loucura? E não passa de ficção científica?
Pode ser! Entretanto devemos considerar o fato de próteses mecânicas serem cada vez mais implantadas nos corpos humanos; a já existência, mesmo que em fase de experimentação, de objetos controlados por ondas cerebrais; a possibilidade da inserção de
chips em nosso cérebro com o
intuito de reverterem doenças degenerativas; os avanços da nanotecnologia, que
propõe a criação de robôs de tamanho microscópio a fim de trabalharem em áreas
doentes específicas do organismo vivo; estudos da neurociência, em andamento,
que visam o mapeamento do funcionamento de nosso pensamento.
Talvez, não haverá uma ruptura brusca entre o atual modelo de humanidade deste humano-androide, mas nos tornaremos paulatinamente cibernéticos. Ou não, da mesma forma que a vida busca brechas onde, antes, pareciam ser improváveis de se desenvolverem; a morte que é o seu oposto dialético, também encontrará meios de corromper a estrutura robótica.
Ademais, talvez as estruturas mais profundas de nosso inconsciente sejam impossíveis de serem copiadas, mapeadas, pois elas não existem mais como lembrança ou pensamento, mas foram transformadas, fundidas umas com as outras, em algo amórfico, que não sabemos e nunca sabermos o que é, mas que fazem parte da constituição de nosso ser.
O projeto de Itskov é loucura? E não passa de ficção científica?
Pode ser! Entretanto devemos considerar o fato de próteses mecânicas serem cada vez mais implantadas nos corpos humanos; a já existência, mesmo que em fase de experimentação, de objetos controlados por ondas cerebrais; a possibilidade da inserção de
Talvez, não haverá uma ruptura brusca entre o atual modelo de humanidade deste humano-androide, mas nos tornaremos paulatinamente cibernéticos. Ou não, da mesma forma que a vida busca brechas onde, antes, pareciam ser improváveis de se desenvolverem; a morte que é o seu oposto dialético, também encontrará meios de corromper a estrutura robótica.
Ademais, talvez as estruturas mais profundas de nosso inconsciente sejam impossíveis de serem copiadas, mapeadas, pois elas não existem mais como lembrança ou pensamento, mas foram transformadas, fundidas umas com as outras, em algo amórfico, que não sabemos e nunca sabermos o que é, mas que fazem parte da constituição de nosso ser.
De
qualquer maneira, seja a pretensão de Itskov uma antevisão real do futuro; seja
um devaneio, uma reformulação científica do elixir da longa vida, buscado pelos
alquimistas da renascença; seja ambas as possibilidades, suas ideias
exemplificam, dão forma a elementos, pensamentos e anseios presentes na cultura
moderna, esses que vão contra o que há de mais fundamenta na natureza humana, o
fato de nós, seres humanos, sermos mortais (θανάσιμα).
Aristóteles
apresenta esta definição como um exemplo de premissa maior de seu raciocínio
lógico: “Todos os homens são mortais” (Όλοι οι άνθρωποι είναι θνητοί). Ser
mortal (θνητός) significa necessariamente “não” ser imortal (αθάνατος), pois a
imortalidade pertence somente ou aos deuses, ou aos elementos físicos
primordiais.
Em grego a diferença entre a palavra morte (θάνατος) de imortal (αθάνατος) se dá unicamente pelo prefixo de negação “α” – alfa. Esta ida a outro idioma e volta à língua vernácula nos ajuda a perceber detalhes presentes em nosso idioma que, sem a devida atenção, podem passar desapercebidos.
Em português e também em latim as palavras “imortal” (immortalis); “mortal” (mortalis) e “morte” (mortem) são todas formadas pela mesma raiz linguística. Pela análise das palavras, podemos dizer que o mortal é aquele que tem a morte presente em sua essência; enquanto o imortal, não. O prefixo de negação (“α”, em grego; “im”, em latim) neste caso específico significa precisamente a diferença que nos distingue dos imortais: Nós temos vida; enquanto os imortais não!
Ao menos, não no sentido biológico, incluindo todas as implicações psicológicas e sociais decorrentes da vida biológica. E desse jogo de linguagem, inferimos que somente tem morte aquele que tem vida e vice-versa; a vida implica a morte e ela àquela. Não há morte sem vida, nem vida sem morte! Ou ambas estão unidas, amalgamadas ou são uma única coisa, apreendida pelo ser humano de duas maneiras.
Em grego a diferença entre a palavra morte (θάνατος) de imortal (αθάνατος) se dá unicamente pelo prefixo de negação “α” – alfa. Esta ida a outro idioma e volta à língua vernácula nos ajuda a perceber detalhes presentes em nosso idioma que, sem a devida atenção, podem passar desapercebidos.
Em português e também em latim as palavras “imortal” (immortalis); “mortal” (mortalis) e “morte” (mortem) são todas formadas pela mesma raiz linguística. Pela análise das palavras, podemos dizer que o mortal é aquele que tem a morte presente em sua essência; enquanto o imortal, não. O prefixo de negação (“α”, em grego; “im”, em latim) neste caso específico significa precisamente a diferença que nos distingue dos imortais: Nós temos vida; enquanto os imortais não!
Ao menos, não no sentido biológico, incluindo todas as implicações psicológicas e sociais decorrentes da vida biológica. E desse jogo de linguagem, inferimos que somente tem morte aquele que tem vida e vice-versa; a vida implica a morte e ela àquela. Não há morte sem vida, nem vida sem morte! Ou ambas estão unidas, amalgamadas ou são uma única coisa, apreendida pelo ser humano de duas maneiras.
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